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Combate ao trabalho infantil: Projeto de judô ajuda a reduzir evasão escolar no Nova Lima

Em visita à Escola, gestores do PCTI foram recebidos pela Banda Marcial Lino Villachá.
Essa conquista é resultado da gestão participativa e de uma série de melhorias fruto de parcerias e projetos

 

A Escola Estadual Lino Villachá, no bairro Nova Lima, tem experimentado uma nova realidade: a redução significativa da evasão e a permanência dos alunos na escola. Essa conquista é resultado da gestão participativa e de uma série de melhorias fruto de parcerias e projetos, vários deles com apoio do Poder Judiciário.

Os dados falam por si. Em 2018, o percentual de desistência do ano escolar entre os alunos matriculados era de 14,08%. Em 2019, houve uma redução de cerca de 5% no índice de evasão. Já em 2020 e 2021, anos marcados pela pandemia do novo coronavírus, não foi registrado nenhum caso de desistência na escola. Houve casos de reprovação, mas não de evasão.

Para o diretor Olívio Mangolin, esses índices são resultado de um trabalho que tem sido realizado desde 2018, com projetos e parcerias com o Poder Judiciário e a Secretaria de Educação, para construção de um ambiente saudável e agradável para se estudar. “Com oapoio do Poder Judiciário foi possível realizar reparos e pintura, a reforma da sala dos professores e da biblioteca” e explica “antes, a Escola sofria com a constante depredação. As melhorias na estrutura física e a realização dos projetos despertaram um nível de pertencimento àquela escola e criaram uma consciência cívica e de participação muito elevada”.

Projeto de judô

O projeto de judô da Escola Lino Villachá teve início em 2018, de forma bastante simples, sem o material necessário para a prática do esporte. Ao final do mesmo ano, a escola recebeu o apoio do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho. Foram doados 40 quimonos e chinelos e uma área oficial de tatame para prática de judô.

Durante os meses em que as aulas presenciais estavam suspensas devido à pandemia de Covid-19, o projeto não parou. Mesmo à distância, o sensei e faixa preta Kaique Figueiredo continuou os treinos por vídeo com os alunos, mantendo a disciplina tão disseminada pelas artes marciais.

Os frutos do projeto já estão sendo colhidos. Dois judocas tem se destacado no cenário estadual e nacional, Luka Valhiente e Jussara Lino. Luka, de 17 anos, categoria Sub18 Leve, treina atualmente numa academia e Jussara, que começou a praticar judô no ano passado, continua os treinos na escola, as terças e quintas-feiras.

O atleta começou a praticar judô há cinco anos, numa outra escola com o sensei e faixa preta, Kaique Figueiredo e, depois, passou a treinar na Lino Villachá. Hoje, está em 1º lugar nas competições do estado e tem treinado para se manter no topo. Luka conta que o projeto de judô da escola foi peça fundamental para ter chegado aos títulos. “Se não fosse eles eu não teria aprendido nada. Se não fosse eles não conseguiria chegar onde estou agora. Não estou no mais alto nível, mas muita gente queria estar onde eu estou”, pontua. Esta semana, o judoca estará na Argentina, participando de mais um campeonato.

O judoca Luka Valhiente com o sensei Kaique Figueiredo.
O judoca Luka Valhiente com o sensei Kaique Figueiredo

 

Já a judoca Jussara Lino está dando os primeiros passos no esporte. Começou a treinar o judô na escola por curiosidade. “Era algo novo e fui lá pra conhecer” e complementa “é um projeto muito bom pra escola. E o melhor ainda que é pra comunidade também, assim todo mundo tem uma oportunidade no esporte. É dos pequenos que surgem grandes atletas”, explica.

Apesar do pouco tempo de treino, ela já soma títulos. Ficou em terceiro lugar na Seletiva Nacional Gymnasiade de Judô e no Brasileiro Regional e foi ouro no Meeting Nacional de Judô, que faz parte do processo de formação das seleções brasileiras Sub- 18 e Sub-21. “É maravilhoso subir no pódio e ver a grande conquista e ver que os treinamentos estão começando a trazer resultado”, afirma.

Foto do pódio do campeonato Brasileiro Regional
Jussara Lino ficou em 3º lugar no Brasileiro Regional

                                                                                 

E a atleta tem muitos planos: “Nas minhas próximas competições, quero chegar mais perto do primeiro lugar. Já pro meu futuro, meu objetivo é chegar a um mundial e às Olimpíadas”, finaliza.

O projeto de judô continua a pleno vapor na Escola. Com cerca de 30 alunos participando, o projeto também é aberto à comunidade.

 

Outras ações

O Programa de Combate ao Trabalho Infantil também realizou os reparos e adaptação na parte elétrica da escola e doou 31 aparelhos de ar-condicionado para climatização de todas as salas de aula. Já em 2019, o Programa realizou a reforma e troca de mobiliário da sala dos professores e da biblioteca da escola, que contou com piso e pintura novos, forro de gesso, pontos elétricos para iluminação embutida e móveis projetados sob medida. Um espaço de leitura com pufes e adesivagem foi criado na biblioteca para incentivar os alunos a lerem.

Além dessas doações, a escola também recebeu o apoio do programa da Justiça do Trabalho para pôr em prática o projeto Hortear, uma componente curricular do itinerário formativo de disciplinas eletivas. “O Hortear é uma sala de aula. Ali os alunos aprendem ciências, geminação, análise e ocupação saudável do solo, entre tantos outros conteúdos”, explica o diretor Olívio.

Outra parceria que teve impacto nesse processo de construção de um ambiente saudável na escola foi o projeto"Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade". Executado e custeado por presos de Campo Grande por meio de uma parceria entre o TJMS e o Governo do Estado, a obra deu uma nova expressão para a escola. Foi feita a reestruturação completa da instituição, desde a parte hidráulica, elétrica, calçamento, revestimento, colocação de pias, forro de PVC, serviços de serralheria, pintura e paisagismo.

 

Visita do Programa

No último dia 17 de maio, os gestores do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem fizeram uma visita à Escola Estadual LinoVillachá. Na ocasião, o desembargador João de Deus Gomes de Souza o gestor anterior, o juiz Márcio Alexandre da Silva, foram homenageados.

Os magistrados assistiram à apresentação da banda de música da escola e visitaram a biblioteca e a sala dos professores. Atualmente, a escola possui 1288 alunos matriculados e a procura por vagas é muito grande.

 

Processos que deram origem aos recursos dos projetos:

Material para prática de judô – Recursos do Programa de Combate ao Trabalho Infantil.

Reforma da Sala dos Professores e da Biblioteca - 0024566-17.2019.5.24.0046 e 0024201-65.2016.5.24.0046

Projeto horta: ACP 0025561-70.2016.5.24.0002