Notícias

Coordenadores dos CEJUSCs participam de evento sobre migrantes

Captura de tela da grade do Encontro Estadual da rede de parcerias Migração 2021 pela plataforma Google Meet
Encontro Estadual da rede de parcerias Migração 2021 pela plataforma Google Meet

 

O Vice-Presidente e Coordenador do NUPEMEC, Desembargador André Luís Moraes de Oliveira, e a juíza e Coordenadora do CEJUSC 1, Déa Marisa Cubel Yule, participaram nessa quarta-feira (16) do "Encontro Estadual da Rede de Parcerias Migração 2021". Os magistrados integraram o primeiro painel, com o tema 'Família e Desenvolvimento Social', explicando sobre o acesso à Justiça do Trabalho e os direitos trabalhistas dos migrantes.

O evento é realizado pela Pastoral do Migrante de Mato Grosso do Sul - Setor de Acolhimento a Refugiados, Migrantes e Apátridas. A Pastoral desenvolve o trabalho de acolhida e resgate da cidadania do migrante, além de articulação com outros serviços que busquem devolver a dignidade a essas pessoas.

A juíza Déa Marisa Cubel Yule abordou o acesso à Justiça do Trabalho pelo migrante. A magistrada explicou que a Lei 13445/2017 ou Lei da Política Migratória Brasileira estabelece que "somos regidos pelos princípios da universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos e pelo princípio da inclusão social e laboral produtiva do migrante por meio de políticas públicas, assim como a Constituição, que fala da igualdade de direitos entre brasileiros e estrangeiros".

A magistrada esclareceu que os direitos do brasileiro e do imigrante são idênticos para a Justiça do Trabalho. "A partir do momento que o imigrante se insere num vínculo de emprego, numa relação contratual de trabalho, ele passa a ter os mesmos direitos que o trabalhador brasileiro. A legislação do trabalho brasileira se aplica ao estrangeiro, exceto se a legislação da origem da contratação desse estrangeiro for mais benéfica. Uma garantia até maior que a dos nacionais", pontuou. Destacou, ainda, que uma das linhas de acesso à Justiça do Trabalho prevê serviço judicial gratuito aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Foto da Juíza e Coordenadora do CEJUSC 1, Déa Marisa Cubel Yule, em seu momento de fala
Juíza e Coordenadora do CEJUSC 1, Déa Marisa Cubel Yule

 

A juíza Déa Yule ressaltou que a porta de entrada à Justiça do Trabalho é a solução pelo consenso, a solução amigável, através de técnicas de mediação. "Mediação é a reabertura do diálogo entre as partes, por um terceiro imparcial, facilitador, para que as próprias partes cheguem a uma solução, que atenda os interesses de todos", ponderou.

De acordo com a magistrada, a JT atua no fomento da cultura da paz, no restabelecimento da comunicação e até mesmo sem ação judicial. "A JT pode ser acionada numa fase pré-judicialização, por meio dos Cejuscs, para dialogarmos e trabalhar para um restabelecimento dessa relação".

O desembargador André Luís Moraes de Oliveira ressaltou a centralidade e relevância do trabalho para o migrante e sua família:  "A questão do trabalho se apresenta estruturante do ponto de vista do migrante, ele está o tempo todo buscando uma fonte através da qual ele possa se manter, manter seu sustento e de sua família".

O magistrado lembrou que o estado deve prover meios para que o migrante tenha as mesmas condições do nacional, o que abrange a inclusão social, educacional e laboral e contou que, antes, aplicava-se a legislação local ao migrante e que, hoje, se aplica a legislação mais benéfica.

"Como trabalhador no país, o estrangeiro tem os mesmos direitos dos trabalhadores brasileiros: assinatura de carteira, 13º salário, férias proporcionais, jornada de trabalho de 44 horas. E esse reconhecimento é o que permite que possamos garantir os direitos mínimos dos trabalhadores, sejam nacionais sejam estrangeiros, para que possam fazer frente não só à sua subsistência, mas à de sua família", finalizou o desembargador.

A organizadora do evento, Irmã Rosane Costa Rosa, concluiu: "Em todas as falas, destaca-se a preocupação com a pessoa humana. A família vem com sonhos e vem procurar a sustentabilidade. Conhecer os diretos e o acesso é muito importante, pois as leis que já existem".

A participação dos magistrados no evento tem como objetivo o fortalecimento da relação institucional do Poder Judiciário com a Sociedade, ampliando a comunicação e as parcerias institucionais, conforme determina o Plano Estratégico do TRT24 aprovado para o sexênio 2021/2026.