Notícias

Justiça do Trabalho leva sinal de internet para guatós que vivem isolados no Pantanal

Vista aérea das casas da Aldeia Uberaba
Vista aérea das casas da Aldeia Uberaba

 

 

Cerca de duzentos indígenas que vivem isolados na aldeia Uberaba, localizada na Ilha Ínsua, a cerca de 330 km de Corumbá-MS, terão sinal de internet, a única forma de comunicação com a sociedade externa. Hoje, o sinal de comunicação mais próximo é o Posto do Exército, que fica a 15 km de distância da comunidade. Atualmente, eles não têm sinal de telefonia nem de internet e para chegar em Corumbá precisam pegar um barco e navegar durante quase dois dias.

O pedido foi feito pelos indígenas à Justiça do Trabalho e à Polícia Militar Ambiental durante a 5ª Expedição de Educação Ambiental no Pantanal, organizada pela PMA em parceria com instituições públicas e ONGs, em dezembro do ano passado. O desembargador do TRT/MS João de Deus Gomes de Souza e o juiz do trabalho Márcio Alexandre da Silva estiveram na comunidade no mês passado e se sensibilizaram com a dificuldade de acesso e comunicação dos ribeirinhos.

 

Desembargador João de Deus e juiz Márcio Alexandre com indígenas na Aldeia Uberaba durante Expedição ao Pantanal
Des. João de Deus e juiz Márcio Alexandre com indígenas
  na Aldeia Uberaba durante Expedição ao Pantanal

 

"Nós percebemos as limitações físicas e geográficas da aldeia e providenciamos a instalação do receptor e o deslocamento de um técnico de Campo Grande até a aldeia para instalar um sinal de internet. O custo, cerca de R$ 4 mil, será pago com multas trabalhistas e a mensalidade será custeada pelas famílias indígenas", explica o juiz Márcio Alexandre. A PMA ofereceu toda a logística e apoio nos deslocamentos.

O sinal também atenderá a Escola Estadual Indígena João Quirino de Carvalho - Toghopanãa. Atualmente, o coordenador pedagógico da escola tem que se deslocar até Corumbá para usar a internet e lançar os dados escolares dos alunos no sistema informatizado da Secretaria Estadual de Educação. A viagem leva cerca de 30 horas.

"O acesso hoje de indígenas até a cidade de Corumbá está sendo por bote e rabetas, que comportam de três a quatro pessoas e pouco peso, porque esse tipo de embarcação que nós temos aqui, quanto mais carrega, maior o consumo de combustível", explica Laucídio Corrêa da Costa, que também é vice cacique da aldeia.

 

Primeiro contato

Nesta quarta-feira, dia 20 de janeiro, às 10h, os indígenas terão o primeiro contato utilizando internet diretamente da aldeia. Será feita uma videoconferência entre o coordenador da escola e o cacique com representantes da Justiça do Trabalho e da Polícia Militar Ambiental.

Quem são os guatós?

De acordo com o antropólogo e historiador Giovani José da Silva, a terra indígena guató é uma área de cerca de 10 mil hectares que fica na região noroeste de Corumbá. Os únicos acessos à aldeia Uberaba são por vias fluvial ou aérea. A base alimentar dos indígenas é a pesca, caça e a agricultura com o plantio de mandioca, milho e cereais.