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Um ano de pandemia: como a Justiça do Trabalho se reinventou para manter a prestação jurisdicional

A fotografia demonstra as adaptações realizadas em uma sala de audiência por conta das condições instauradas pela pandemia. Anteparos de acrílico separam as mesas de cada um dos trabalhadores.

Sala de audiência com advogados, parte, magistrado e servidora, todos usando máscara. Anteparos de acrílico dividindo o ambiente

Um ano após a Organização Mundial da Saúde declarar a pandemia pelo novo coronavírus, a Justiça do Trabalho em Mato Grosso do Sul continua aperfeiçoando as medidas sanitárias para garantir a segurança e para que a produtividade não seja afetada diante da necessidade de isolamento social. Nos últimos doze meses, foram produzidos 66.882 sentenças e acódãos e publicadas quase 50 mil decisões judiciais no âmbito do TRT/MS.

A tecnologia permitiu que o serviço não perdesse a qualidade nem o dinamismo. Em doze meses, foram realizados 2.459.826 atos serventuários nos processos em tramitação. Na área administrativa, mais de 2 mil chamados foram atendidos pela Coordenadoria do Processo Judicial Eletrônico (CPJe), cerca de 7 mil atendimentos pela Secretaria da Tecnologia de Informação e Comunicações (SETIC), além da abertura de 88.675 processos administrativos. Os dados foram levantados de acordo com critérios definidos pelo CNJ.

Atualmente, 323 servidores estão em teletrabalho, o que representa 54% do efetivo do tribunal. Antes da pandemia, o índice de servidores em atividades remotas era de 13%. "Diante da necessidade de isolamento social, a mudança mais significativa foi a expansão do teletrabalho, com o imenso desafio de fazê-lo sem queda de qualidade na prestação jurisdicional, o que foi conquistado mediante a realização de audiências e sessões por videoconferência e a prática maciça de atos processuais de modo virtual", explica o Desembargador Presidente do TRT/MS, Amaury Rodrigues Pinto Junior.

O chefe da Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (SETIC), Alexandre Rosa Camy, explica que a pandemia antecipou mudanças tecnologias que só aconteceriam daqui 5 ou 10 anos, incumbindo a TI de viabilizar, em poucos dias, toda a logística para que a justiça trabalhista não parasse.  

"Foram configurados e liberados acessos externos à nossa rede, equipamentos foram emprestados, foi disponibilizada ferramenta de videoconferência. Toda a equipe de TI foi mobilizada para prestar apoio aos usuários remotamente no período de mudança. E o desafio continua. O teletrabalho se tornou uma realidade e pode permanecer mesmo com o fim da pandemia. A expectativa é aperfeiçoarmos cada vez mais nossos serviços e contribuirmos para que a justiça trabalhista desempenhe sua missão, seja com trabalho presencial, seja com o teletrabalho", garante Alexandre Camy.

Fotografia que demonstra como ficam os ambientes comuns durante a situação de pandemia. Assentos intercalados, avisos, e a obrigatoriedade das máscaras..
As normas de frequentação dos locais públicos mudram pela segurança

Medidas sanitárias e administrativas

Além do uso obrigatório de máscara de proteção facial e aferição de temperatura para acesso às unidades administrativas e judiciárias, o tribunal disponibilizou álcool em gel em vários pontos, demarcou pisos e cadeiras para manter o distanciamento social e instalou divisórias de acrílicos nas recepções e salas de audiência.

"A Administração do Tribunal adotou medidas extraordinárias, com destaque para a pronta disponibilização de câmeras e fones de ouvido para a realização das audiências telepresenciais, bem assim dos EPIs aos magistrados, servidores e demais colaboradores, como máscaras de tecido, álcool 70% em gel, termômetros e itens para proteção facial como face shield e óculos em acrílico. Foram, também, instaladas barreiras/anteparos em acrílico nas salas de audiências como preparação para o retorno paulatino das sessões presenciais, além da aquisição, ainda em curso, de barreiras nos balcões de atendimento de todas as unidades jurisdicionadas. A constatação, ao longo desses 12 meses, foi que, mesmo em meio a tantas dificuldades, o esforço conjunto dos magistrados, servidores e demais colaboradores, mostrou-se fundamental para que o TRT da 24ª Região mantivesse a prestação jurisdicional de forma efetiva à sociedade", esclarece o Diretor-Geral Alencar Minoru Izumi.

Retrospectiva

A primeira ação adotada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, apenas um dia após a declaração de pandemia pela OMS, foi a publicação de uma portaria, no dia 12 de março de 2020, estabelecendo período de quarentena para quem voltasse de viagem a países com focos da doença.

Cinco dias depois, o tribunal já estabelecia ações temporárias e emergenciais de precaução, como a suspensão das atividades presenciais e adoção do teletrabalho extraordinário, além da criação do Comitê Provisório de Gestão de Crise, formado por magistrados, servidores das áreas de saúde, gestão de pessoas e informática, além de representantes da advocacia e entidades de classe.

No dia 20 de março de 2020, foi publicada portaria detalhando as atividades vedadas presencialmente e o serviços essenciais, além de estabelecer a realização de audiências e atendimentos virtuais.

Um mês após o início da pandemia, o TRT/MS instituía o Regulamento Provisório Emergencial - RPE das sessões virtuais para normatizar a realização de sustentações orais pelo sistema de videoconferência.

Em agosto do ano passado, o tribunal dava um passo importante para a normalização dos atendimentos, com a publicação do protocolo para a retomada gradual dos serviços presenciais e autorização da etapa preliminar do plano de retomada. No dia 18 do mesmo mês, foi regulamentado o atendimento virtual aos advogados, procuradores, defensores públicos e membros do Ministério Público, da Polícia Judiciária e das partes no exercício do ius postulandi, diretamente pelos magistrados, por videoconferência.

No início de outubro, sete meses após o começo da pandemia, foi autorizada a deflagração da "etapa intermediária 1" do protocolo para a retomada gradual dos serviços presenciais, com até 30% dos servidores trabalhando presencialmente.

Em novembro, as audiências presenciais voltaram a ser realizadas e o percentual de servidores presenciais aumentou para até 50% do efetivo, com a deflagração da "etapa intermediária 2" do protocolo, que ainda se encontra em vigência.

Atualmente, o atendimento ao público externo e a realização de sessões estão mantidos prioritariamente por meios eletrônicos, ressalvados os casos que não comportem adiamento e solução por meios eletrônicos, os quais contam com atendimento presencial ou misto. E as audiências podem ser realizadas presencialmente, desde que seguido o protocolo de segurança.

"Algumas das medidas tomadas nesse primeiro ano tendem a ser incorporadas ao nosso cotidiano. Apesar de seus muitos aspectos trágicos, a pandemia deixará como legado a capacidade de o Poder Judiciário reinventar-se em termos de facilitação do acesso à justiça, expansão de canais de atendimento e realização de audiências e sessões virtuais", conclui o des. Amaury Rodrigues.