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Dourados vence o 1º Torneio de Futebol Feminino Indígena

Atletas vestidas de uniformes amarelo e verde
Atletas dos times de Dourados e Bodoquena comemoram vitórias

O time de Dourados foi o campeão do “1º Torneio de Futebol Feminino Indígena: Promovendo inclusão, empoderamento e conscientização nas comunidades”, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, em parceria com o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul, na Praça Esportiva Elias Gadia, em Campo Grande, nesse final de semana. Confira as fotos do torneio, clicando aqui. 

Entre os dias 18 e 20 de outubro, o campeonato reuniu cem atletas de seis cidades do Estado: Campo Grande, Dourados, Bodoquena, Miranda, Sidrolândia e Aquidauana. As jovens representam três etnias: Guarani Kaiowá, Terena e Kadiwéu. O torneio faz parte das ações do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho de Mato Grosso do Sul. O objetivo é promover a inclusão social e a conscientização sobre temas importantes como a violência de gênero, a exploração do trabalho infantil e os direitos das mulheres indígenas.

“Nós temos como meta conscientizar as crianças que elas têm que estudar. Primeiro a educação pra depois praticar o esporte, que são dois elos que caminham com o objetivo de promover e incluir essas pessoas na sociedade. E nós escolhemos os povos indígenas, que tem que ser incluídos numa sociedade justa”, explica o idealizador do projeto, desembargador João de Deus Gomes de Souza, que é Gestor Regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil.

atletas de Dourados com troféu de campeão
Dourados levou três troféus: melhor atleta, melhor goleira e 1º lugar do torneio

Jaqueline Ribeiro veio da aldeia de Dourados e saiu com dois troféus: time campeão e melhor jogadora. “Muita alegria, muito alívio de saber que a gente veio até aqui, pode fazer amigos. O mais importante de tudo é o companheirismo. Todo mundo é da mesma família, o que diferencia é só a etnia”, afirma a jovem Guarani Kaiowá. O time de Dourados também conquistou o troféu de melhor goleira com a atleta Ana Gabriela. Já o troféu de artilheira foi para Tainá, de Sidrolândia.

Outra atleta que se destacou foi Eliane Almeida, de 18 anos, da aldeia de Bodoquena, time vice-campeão do torneio. “Foi muito bom chegar até aqui, a gente já está agradecido. A gente tentou chegar no primeiro, mas não deu, segundo tá ótimo. Chegamos até aqui, se divertimos, conhecemos muitos amigos e que venham os próximos jogos.”

Rosilene da Silva é a única técnica mulher dos times. A professora acredita que o futebol feminino precisa de mais oportunidades. “As mulheres precisam ter mais espaço nas aldeias, a maioria das vagas que vão são para o masculino e deixam as mulheres de lado. Esse é um final de semana muito especial para todas, porque foram selecionadas somente meninas para vir nesse torneio”.
 

Jogadores se cumprimentam antes da partida
Técnica do time de Bodoquena era a única mulher no comando de um time

Oportunidade por meio do esporte
Este é o terceiro ano que a Justiça do Trabalho promove uma competição de futebol entre as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. As duas primeiras edições foram masculinas, realizadas em 2022 e 2023. A juíza do trabalho Déa Brandão Cubel Yule, que também é Gestora Regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil, afirma que o torneio superou as expectativas. “Tivemos falas aqui na abertura sobre os efeitos dos jogos passados. Jovens dos torneios anteriores já estão em universidades. Relatos também de meninas que estavam no álcool e saíram do alcoolismo para estar no torneio de futebol. Segundo relato da própria comunidade, o futebol transformou os jovens que estão participando do torneio, e isso é muito gratificante”, comemora a magistrada.

A atleta Nayara Gonçalves Venâncio, da Aldeia Bananal, de Aquidauana, conta que participar do torneio é um privilégio e uma oportunidade para as jovens indígenas. “O esporte consegue tirar a juventude de coisas ruins e o esporte consegue fazer com que o adolescente veja a importância da educação para sua vida. A educação tem transformado as vidas na nossa comunidade. A gente vê no olhar de cada uma das meninas aqui o brilho, a gente vê a esperança no olhar dessas meninas, que nós não somos esquecidas. Daqui vão sair meninas com vários sonhos”.

jogo de futebol feminino